quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Tênis minimalistas: o que são e como atuam durante os exercícios





A novidade dos modelos de tênis minimalistas como o Five Fingers - ou cinco dedos, em inglês, está na ausência de tecnologia: com ele, a sensação é de andar descalço. Desde que a criação subiu ao pódio, em 2006, há cada vez mais adeptos do calçado que protege do calor e das pedras enquanto simula a pisada natural. 

O segredo está no passo. Com um tênis tradicional, o calcanhar toca o chão primeiro, e o amortecedor absorve parte do impacto, que é maior nesse tipo de pisada. Mas, com o minimalista, o peito do pé chega antes, suavizando o contato, e o choque com o solo é todo assimilado pelo corpo. Um estudo do professor Daniel Lieberman, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, sugere que aterrissar com o calcanhar leva o corredor a sofrer mais lesões por esforços repetitivos. "Dessa forma há uma parada súbita do pé, e isso gera um pico de força até três vezes maior que o peso da pessoa. Essa energia extra não existe quando a parte da frente chega primeiro", explica a professora de biomecânica Sarah Ridge, da também americana Brigham Young University. 

No entanto, optar pelo minimalista da noite para o dia pode ser perigoso. O ortopedista Rogério Teixeira, do Hospital e Maternidade São Luiz, na capital paulista, esclarece por quê: o calcanhar tem uma camada de gordura muito mais generosa que o peito do pé, protegendo esse membro. Quilos extras também são um problema. "Se você está bem treinado e sem excesso de peso, o minimalista não causará danos. A questão é que muita gente começa a correr justamente para emagrecer", constata Teixeixa. "Quem está acima do peso e não usa amortecimento vai ter uma lesão mais cedo ou mais tarde", ele alerta. 

A musculatura é outro ponto importante a considerar. O fisiologista Júlio Serrão, da Universidade de São Paulo, explica que o calçado minimalista exige bem mais esforço dos músculos do pé e do tríceps sural, popularmente conhecido como batata da perna. "O corredor suaviza a colisão com o solo, mas força essa área, já que ela é mais utilizada, aumentando o risco de lesões", constata Serrão.

Adaptação exige treino e paciência 
Quem decide mudar sofre um bocado no início. O preparador físico Leandro Sandoval, diretor técnico da Life Training Assessoria Esportiva, diz que o atleta sente muitas dores musculares nessa fase. "Como o minimalista não protege do impacto, é uma porta aberta para lesões se usado de forma inadequada." A dica é inseri-lo na rotina aos poucos, em partes do treino, aumentando o tempo de uso a cada semana.

As principais diferenças 
Os efeitos de cada tipo de calçado no corpo 

Alinhamento do tronco Com o minimalista, a coluna fica reta, enquanto o tênis tradicional inclina o corpo para a frente. Para correr, é importante fortalecer a musculatura das costas seja qual for o tipo de calçado, porque encrencas nessa região costumam causar lesões no corpo todo. 

Joelhos Na aterrissagem com o calcanhar, a perna fica mais esticada. Com o antepé, o joelho fica levemente flexionado, evitando panes. "Isso dificulta que você se machuque", diz Júlio Serrão. O ideal é trabalhar bem o quadríceps femural, músculo que fica atrás da coxa e sustenta o joelho no giro do passo. 

Panturrilha Apesar de estressar a musculatura por sobrecarregá-la na pisada natural, o minimalista melhora a propriocepção - uma espécie de sistema de sensores neuromotores que reconhecem as mudanças de movimento e se adaptam a elas. "Quanto mais simples for o tênis, maior será o estímulo desse mecanismo", explica Rogério Teixeira. A altura dos amortecedores do calçado tradicional aumenta o risco de torção em pisos irregulares. "O minimalista dá mais estabilidade", ressalta Leandro Sandoval. 

Gasto calórico O tipo de sapato influencia pouco na queima de calorias: isso depende mais do treino e da periodicidade da corrida. Para quem está acima do peso, o tênis com amortecedor é mais indicado para evitar sobrecarga nas articulações. 

Pés São os mais castigados pelos minimalistas, que costumam causar fraturas nos metatarsos, ossos que antecedem os dedos, e no calcâneo, o osso do calcanhar. São comuns ainda casos de fascite plantar, inflamação do tendão que passa pela planta do pé. A fase de transição, em que a pessoa está "reaprendendo" a correr, é a mais arriscada. Mas vale lembrar que mesmo tênis tradicionais, quando não adequados ao seu tipo de pé, podem provocar danos.

Fonte:http://saude.abril.com.br/edicoes/0360/corpo/tenis-minimalistas-731251.shtml?origem=home

por Talita Eredia | fotos Gustavo Arrais | ilustrações Rabisco

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Vitamina D: quando vale a pena suplementar?

Nem todo mundo consegue obter níveis adequados da substância. Investigamos em que situações as gotinhas do suplemento podem (ou devem) ser convocadaspor DIOGO SPONCHIATO fotos DERCÍLIO design LAURA SALABERRY




Para um número cada vez maior de cientistas, a protagonista desta reportagem merecia ser eleita a molécula do século no que sito longevidade. Depois de provar seu papel protetor aos ossos, ela acumula de tempos em tempos um novo potencial preventivo ou até terapêutico. De doenças cardíacas a câncer, a impressão é que boa parte dos males crônicos tem menos probabilidade de aparecer quando os níveis da substância — que dentro do corpo trabalha como hormônio — estão em alta. A história seria perfeita se todas as pessoas tomassem banhos diários de sol, se abastecessem de salmão e sardinha e, acima de tudo, não houvesse fatores capazes de atrapalhar a produção da vitamina pela pele. 

A realidade, porém, é diferente: estima- se que entre 30 e 50% da população mundial apresente taxas inadequadas de vitamina D — fenômeno que não poupa um país tropical como o Brasil. Essa defasagem tende a ser maior nas grandes cidades, porque, dentro de casa, do escritório ou do carro, as pessoas acabam fugindo do sol. 

Atingir a cota de 400 a 600 unidades internacionais, preconizada a adultos saudáveis, não é tarefa hercúlea. "Bastaria caminhar no parque permanecendo com braços e pernas expostos ao sol, sem filtro solar, durante 15 minutos pela manhã", diz a nutricionista Lígia Martini, da Universidade de São Paulo. 

Mas, como você deve imaginar (ou sentir na pele), a rotina atribulada e as variações climáticas dificultam as coisas. "Além disso, depois dos 50 anos a necessidade de vitamina D aumenta para cerca de mil unidades diárias", observa a reumatologista Vera Szejnfeld, da Universidade Federal de São Paulo "E, com o avançar da idade, nossa pele perde a capacidade de sintetizar a substância a contento." Daí, não adianta torrar sob o sol. A solução definitiva também não seria se refestelar de salmões, por exemplo. Convenhamos: não há apetite que aguente. 

O fato é que, se os níveis da molécula no sangue ameaçam minguar, é recomendável estudar a possibilidade de recorrer à suplementação, ou seja, às gotas da versão sintética da vitamina. "Além de contribuir com a osteoporose, o déficit desse hormônio provoca dores nos ossos e fraqueza", avisa Vera. Bem indicados, os suplementos exibem altos índices de segurança. "As doses recomendadas não oferecem o risco de intoxicação nem efeitos colaterais", garante a professora. 

Existem grupos para os quais a suplementação é extremamente bem-vinda. Isso significa que entre essa gente faz todo o sentido dosar a molécula no sangue e, se necessário, adotar em seguida o conta-gotas. Encabeçam a lista as mulheres na menopausa, alvos fáceis da osteoporose. Sozinho, o cálcio não faz milagre pelos ossos: é a vitamina D que assegura sua absorção no intestino. Quem tem mais de 65 anos também deve investigar suas taxas. Além de o organismo perder a competência para produzi-la, essa turma está mais ameaçada de fraturas. "E a vitamina D ajuda inclusive a evitar a perda da massa muscular", afirma a nutricionista Camila Freitas, de São Paulo.

Todas as pessoas privadas de saídas frequentes ao ar livre precisam ficar de olho na concentração de vitamina D que corre em suas veias. "Devemos avaliar a necessidade de suplementação em indivíduos doentes, acamados e naqueles que apresentam sérias restrições para tomar sol", afirma a endocrinologista Victoria Borba, presidente do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Faz parte desse grupo, por exemplo, quem já teve um câncer na pele e, assim, é orientado a se esquivar do astro rei. 

Por falar no tecido que reveste o corpo inteiro, sua tonalidade interfere na fabricação da vitamina. A pele dos negros, por exemplo, pena para sintetizá-la, e, por isso, eles costumam padecer mais facilmente com níveis insuficientes. "A melanina, o pigmento da epiderme, funciona como uma barreira natural contra os raios solares", justifica Vera Szejnfeld. Nesse aspecto, essa proteção não é 100% benéfica. 

A obesidade é outro capítulo à parte quando rastreamos os estoques da prestigiada molécula. A vitamina D é normalmente armazenada no fígado e nas células de gordura — quando é requisitada, migra desse depósito para a circulação. "Só que nos obesos ela acaba presa no tecido adiposo", diz Vera. Resultado: falta vitamina no sangue e, assim, não é de jogar fora a ideia de recorrer à suplementação. Mesmo quem se submete a uma cirurgia bariátrica não escapa desse déficit. "Como alguns desses procedimentos promovem um desvio no intestino, há um comprometimento na absorção da substância", avisa Victoria. E, aí, chamem as gotinhas. 

Terapia DA vitamina também se destaca como uma patrocinadora do sistema imune. "As células de defesa usam esse hormônio, que ajuda a regular sua atividade", explica o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo. Mais do que debandar infecções, nossa protagonista vem sendo explorada no contraataque às doenças autoimunes, como a artrite reumatoide — uma das hipóteses para a erupção desses distúrbios, aliás, é justamente a carência da molécula. "Na esclerose múltipla, que ataca o sistema nervoso, corrigir essa deficiência permite que muitos pacientes fiquem livres das manifestações do problema", afirma Coimbra. As doses, nessas condições, costumam ser mais elevadas, é claro. 

A substância ainda é empregada contra a psoríase, doença crônica marcada por lesões na pele. Mas, em vez do suplemento, o médico receita uma pomada à base da vitamina. "Na psoríase, as células da pele estão desreguladas e se multiplicam num ritmo acelerado, gerando as crostas", explica a dermatologista Letícia Secco, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "O creme permite que essas células voltem a replicar em velocidade normal e os sintomas tendem a zerar." Seja dentro de uma loção, seja em forma de gotas; seja com as bênçãos do sol, seja na degustação de um salmão: cada vez mais se reconhecem os méritos da vitamina D — e quem ganha com essa fama somos nós.

O banho de sol O corpo fabrica vitamina D graças ao contato com os raios solares. O ideal é se expor diariamente em média 15 minutos entre as 10 e as 15 horas. Passe o filtro solar no rosto e deixe pernas e braços livres, já que o creme limita a absorção da luz. "No entanto, pessoas mais claras, que necessitam de proteção solar absoluta, obtêm a vitamina mais facilmente, se expondo menos de 15 minutos três vezes por semana", diz o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. 

Parceira do cálcio Calcula-se que apenas 15% desse mineral vindo da alimentação é absorvido pelo intestino na ausência da vitamina D. É por isso que ela tem papel de destaque na prevenção e no controle da osteoporose, o mal dos ossos fracos. Não bastasse isso, estudos sugerem o seguinte: quem suplementa cálcio sem se abastecer de vitamina D corre mais risco de sofrer uma calcificação nas artérias, fenômeno que precede ataques cardíacos. 

A pitada da alimentação O sol é a principal fonte de vitamina D, mas o cardápio pode reforçar essa cota. Para facilitar a vida, chegam agora ao mercado iogurtes e leites enriquecidos com a substância



Falta vitamina d pelo mundo 

Confira a taxa de insuficiência de vitamina D em mulheres que já passaram pela menopausa e sofrem de osteoporose — um dos grupos mais prejudicados pelo seu déficit 



* Veja que curioso: a alta incidência de décift nessa região se deve, inclusive, ao uso de vestes que não deixam o corpo exposto 

FONTE: Vera Lúcia Szejnfeld, professora de reumatologia da Universidade Federal de São Paulo

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Infecção urinária: perguntas e respostas




O que é infecção urinária? 
Ela é caracterizada pela a presença de micro-organismos na urina. O líquido que enche a bexiga é estéril - ou seja, livre de bactérias. Mas, quando esses bichinhos se multiplicam ao redor da uretra e conseguem se infiltrar no canal da urina até chegar à bexiga, desencadeiam uma infecção. "Em 85 % dos casos, o problema é provocado pela bactéria Escherichia coli, que integra a flora intestinal", ressalta Fernando Almeida, professor de urologia da Universidade Federal de São Paulo

Existem tipos diferentes? Sim. O mais comum é a infecção na bexiga, a famosa cistite. Mas os micro-organismos também podem atacar os rins, o que é chamado de pielonefrite. 

Quais são os sintomas? 
"Os clássicos são dor e ardor na hora de urinar", afirma Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Pode haver também um aumento da frequência de idas ao banheiro, sensação de bexiga cheia, sangramento ou um simples mal-estar acompanhado de febre. 

A doença é transmissível? 
"Definitivamente, não", assegura Fernando Almeida. Mas é mais comum que ela dê as caras depois de relações sexuais, porque o pH da região fica alterado. Entre mulheres que variam muito de parceiro, a incidência é comprovadamente maior. 

Por que esse tipo de infecção é mais frequente em mulheres? 
Elas têm o canal da uretra mais curto e, por isso, é mais fácil as bactérias chegarem aonde não devem. Além disso, elas costumam ter o péssimo hábito de segurar a urina por mais tempo que os homens - um prato cheio para as bactérias se proliferarem. 

Por que algumas pessoas têm o problema com mais frequência? Isso envolve fatores hereditários e imunológicos. A atenção com a higiene é essencial, mas a infecção pode aparecer mesmo em quem toma todo o cuidado do mundo. 

Por que as grávidas ficam mais sujeitas a esse tipo de infecção? Estima-se que de 15% a 20% das gestantes terão ao menos uma vez esse tipo de infecção. Isso acontece porque, durante esse período, o aumento da circulação sanguínea na região pélvica faz a umidade vaginal aumentar, facilitando a passagem das bactérias do ânus para a uretra. 

Os homens estão livres da doença? Não é bem assim. É verdade que esse é um problema tipicamente feminino, mas a infecção também acomete a ala masculina. 

Ela é mais frequente em pessoas idosas? Sim. "A resistência diminui com a idade e, no caso das mulheres, há uma queda de hormônios que deixam a região pélvica mais sensível", diz Eduardo Zlotnik. 

Existe alguma forma de prevenir? Segundo Zlotnik, a recomendação é beber muita água para que as idas ao banheiro não fiquem muito espaçadas. "Assim você vai limpando o trato urinário", explica. Urinar depois das relações sexuais e evitar banhos de imersão também ajudam.

Por Paula Desgualdo | Foto Omar Paixão

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Papanicolaou poderá detectar câncer de ovário e de endométrio


O exame de Papanicolaou, usado para diagnóstico precoce de câncer do colo do útero, pode detectar também o câncer de ovário e do corpo do útero, diz novo estudo.
Pesquisadores fizeram o sequenciamento de DNA de células provenientes do exame e obtiveram 100% de sucesso para o câncer de endométrio e 41% de sucesso para o de ovário. Não houve resultado falso-positivo.
A pesquisa foi publicada ontem na revista científica “Science Translational Medicine” e conta com médicos americanos, da Universidade Johns Hopkins, do Instituto Ludwig e do centro Memorial Sloan-Kattering, e brasileiros do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira).
Hoje, o papanicolaou só detecta o câncer do colo do útero, via análise da aparência das células, e o vírus HPV, seu principal causador.
A nova técnica, apelidada de PapGene, não altera o procedimento pouco invasivo do papanicolaou; apenas agrega a análise de genética molecular em células do ovário e do corpo do útero que são levadas para a região onde o material é coletado.Para Suely Nagahashi Marie, professora da USP, pesquisadora do Icesp e uma das autoras do estudo, a importância da pesquisa foi “mostrar que é possível detectar alterações moleculares via papanicolaou possibilitando diagnóstico precoce”.


Na primeira fase, foram reunidas biópsias tumorais americanas e brasileiras. O material foi submetido a um sequenciamento de DNA. Ao compará-lo com código genético de células normais, os cientistas identificaram 12 genes cujas mutações indicam a incidência dos tumores.
Na segunda fase, a análise genética na coleta do papanicolaou possibilitou identificar 24 das 24 amostras de câncer de endométrio e 9 das 22 de tumor ovariano.
O câncer de ovário é bem agressivo e de difícil detecção. Segundo Jesus Paula Carvalho, professor da USP, pesquisador do Icesp e um dos autores do estudo, “na maioria dos casos, o diagnóstico é tardio e os métodos de rastreamento atuais, como as biópsias, são invasivos e trazem mais riscos do que benefícios”.
Para ele, o PapGene ainda será aperfeiçoado, mas “uma luz no fim do túnel é sempre um grande alento”.
Emmanuel Dias-Neto, pesquisador do Hospital A. C. Camargo disse à Folha de S. Paulo que “a medicina genômica veio para ficar, pois é mais barato detectar precocemente via DNA do que tratar a doença”.
Os entrevistados ressaltaram que outros cânceres como os de boca, pulmão, estômago e intestino poderão ser detectados por técnicas similares.
Neto-Dias diz que “em cinco anos tais técnicas estarão tão baratas a ponto de poderem ser agregadas ao SUS” e poderão ser usadas na população de modo preventivo, para identificação precoce e para controle de recidiva.
Fonte: Folha de S. Paulo


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Investimento em tratamento de câncer cresce 26%


Para melhorar o atendimento e ampliar o acesso aos serviços oncológicos disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde tem investindo cada vez mais no setor. Nos últimos três anos, os gastos federais com assistência oncológica no país aumentaram 26%, passando de R$ 1,9 bilhão (em 2010) para R$ 2,4 bilhões (em 2012). Os valores aplicados na atenção oncológica englobam cirurgias, radioterapia e quimioterapia.
Este aumento de recursos serviu para ampliar e melhorar a assistência aos pacientes atendidos nos hospitais públicos e privados que compõe o SUS, sobretudo para os tipos de câncer mais frequentes, como pele, mama, colo de útero, próstata, pulmão, cólon e reto.
E em 2011, o governo lançou o Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, estratégia para expandir a assistência oncológica em todo o país. Até 2014, o Ministério da Saúde (MS) vai investir R$ 4,5 bilhões no plano.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esse crescimento reforça a necessidade de investir ainda mais na assistência oncológica. “Aumentar o repasse e investir em novas tecnologias que garanta o tratamento é fundamental o crescimento do acesso aos serviços de saúde. Com as nossas ações, estamos garantindo a assistência aos pacientes que são atendidos pelo SUS”, destaca Padilha.
A quantidade de procedimentos oncológicos ambulatoriais oferecidos aos pacientes do SUS aumentou em 13%: foram 10,5 milhões, em 2010, e a projeção para este ano é de 11,8 milhões de procedimentos. E em 2011, foram realizados 11,5 milhões.  Neste ano, foram realizadas 84 mil cirurgias oncológicas no SUS e 2,2 milhões de procedimentos quimioterápicos.
DESIGUALDADES – Em um esforço para diminuir as desigualdades regionais na oferta de exames preventivos dos cânceres femininos, o Ministério da Saúde intensificou algumas estratégias para ampliar o acesso aos serviços de referência para diagnóstico e tratamento de câncer de colo do útero e de mama.
“Sabemos que ainda há uma desigualdade quanto ao acesso, a qualidade ao diagnóstico e o tratamento de câncer no nosso país. O Ministério da Saúde tem coordenado um conjunto de estratégias que é fundamental – em parceria com as secretarias dos estados e municípios – para que essas estratégias sejam cada vez mais ampliadas e reforçadas”, afirmou o ministro.
Em 2011, o governo federal assinou 11 convênios para a criação de Serviços de Referência para o Diagnóstico e Tratamento de Câncer de Colo do Útero nos estados de Pernambuco, Acre, Tocantins, Rondônia, Sergipe, Mato Grosso e Minas Gerais.
Só em 2012, mais 31 propostas foram aprovadas, o que representa um investimento de R$ 8,3 milhões distribuídos nos estados: Acre, Pernambuco, Roraima, Piauí, Rio Grande do Sul,
Pará, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Além da estruturação de 20 novos centros no país.
CRESCIMENTO – A oferta do serviço de mamografia móvel contribui efetivamente para ampliar cada vez mais o número de mulheres, na faixa etária prioritária (50 a 69 anos), que se submetem ao exame de mamografia e que vivem, preferencialmente em áreas mais remotas e de difícil acesso. Este crescimento está condicionado à ampliação e à qualidade dos serviços oncológicos.
No primeiro semestre de 2012, o Ministério da Saúde registrou aumento de 41% no número de mamografias realizadas no SUS, entre as mulheres na faixa prioritária, se comparado ao mesmo período de 2010. Este ano, 2.139.238 exames foram realizados, sendo 1.022.914 na faixa prioritária. Enquanto que em 2010 foram feitas 1.667.272 mamografias, sendo 726.890 na faixa prioritária.
O número de mamografias também cresceu 16% entre 2012 (2.139.238) e 2011 (1.839.411), e 21% na faixa prioritária, 1.022.914 e 846.494, respectivamente. A oferta deste exame faz parte do Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, lançado pela presidenta Dilma Rousseff no ano passado.
AVANÇOS – O Ministério da Saúde incorporou ao SUS o Trastuzumabe, um dos mais eficientes medicamentos de combate ao câncer de mama. O Ministério investirá R$ 130 milhões/ano para disponibilizar o medicamento à população. Também faz parte do Plano Nacional, a expansão dos serviços de radioterapia no país.
A iniciativa beneficia população de 58 municípios, em 20 estados, nas cinco regiões do país. A medida aumentará em 32% a assistência aos pacientes com câncer, passando de 149 mil para 197 mil atendimentos por ano. Haverá investimento de R$ 505 milhões. Os recursos também serão aplicados em infraestrutura e na compra de 80 aceleradores lineares, que são equipamentos de alta tecnologia usados em radioterapia, além de outros acessórios.
Em julho, o Ministério da Saúde divulgou portaria que traz os nomes dos 80 hospitais, habilitados na Alta Complexidade em Oncologia, que terão serviços de oncologia criados (48 hospitais) e ampliados os serviços já ofertados (32), no início de 2013.
MEDICAMENTO –Além da incorporação do Trastuzumabe, o Brasil passou a produzir o primeiro medicamento para câncer. Com a produção nacional do Mesilato de Imatinibe, o custo do comprimido do medicamento será de R$ 17,5 (100 mg) e R$ 70 (400 mg). Atualmente, o Ministério da Saúde compra o produto – de forma centralizada – a um preço de R$ 20,6 (100 mg) e R$ 82,4 (400 mg). Com a iniciativa, estima-se que a economia para o Sistema Único de Saúde chegue a R$ 337 milhões, em cinco anos.
A produção nacional do Mesilato de Imatinibe será suficiente para atender a toda demanda existente no SUS – aproximadamente oito mil pacientes hospitalizados. Já no próximo ano, a previsão é que sejam entregues, ao SUS, cerca de quatro milhões de comprimidos do medicamento.
Publicado por Paula Torres Trivellato.
Fonte:http://blogsaudebrasil.com.br/2013/01/01/investimento-em-tratamento-de-cancer-cresce-26/